Tentarei sempre publicar textos sobre as ideias de amigos. O primeiro deles são as ideias do meu amigo Weslley Maciel. Um texto sobre as redes sociais para refletirmos. Valeu amigo, espero que este seja o primeiro de muitos. Fiquem a vontade para opinar, afinal o blog também é para vocês!
Redes
Sociais. O que te incomoda nelas?!
por Weslley Maciel
Questão
difícil de responder, sobretudo pela natureza de todas essas interações, ou
seja, sociais. Difícil, ainda, porque como em toda relação social, depende-se
de algumas regras, mesmo que subentendidas, para existir e se desenvolver com o
mínimo de sociabilidade.
Existe
de tudo nas redes sociais, desde os integrantes populares demais, que informam
até a ida pra cama, como que justificando sua ausência na rede até a manhã do
dia seguinte, até os que não passam de estatística, já que apenas preencheram
um formulário, passaram a integrar a rede, mas, nunca interagem nela.
A
variedade também está sobre o que é dito nas timelines. Do “bom dia!” ao “#partiucasa”, passamos pelo “engarrafamento
enorme”, pelo “calor infernal”, pelo “almoço top demais”, pelas variações do
“nada como (estar, fazer, ficar, beber, dormir...)” e, claro, pelas enfadonhas
e melancólicas citações românticas, que mais nos remetem ao suicídio do que propriamente
a uma paixão ardente.
De
tão entranhadas que estão nas vidas de seus usuários, as redes sociais provocam
brigas, causam ciúmes, justificam demissões, proporcionam paqueras, deixam no
ar traições e, inclusive, fazem o amor acontecer (quem nunca clicou naquela
foto e se apaixonou quando ela se expandiu na tela?!).
Como
vemos, encontramos nas redes sociais um espaço bastante democrático e fértil para
as mais diversas manifestações. Mas, porém, contudo, todavia, entretanto (aqui
sendo bem fiel ao que incomoda – a mim), como no mundo real, nem tudo são
flores.
As
redes sociais sofrem de algumas mazelas incuráveis! E não pense que alguém está
imune a elas. Como se fosse um resfriado (nada mais social que um resfriado),
todos nós já fomos atingidos, em maior ou menor grau.
Uma
dessas doenças é a “síndrome da vida perfeita”. Não se trata de não desejar a
felicidade alheia. Longe disso! Mas, é impossível ter a vida perfeita e feliz
desse tanto. Com exceções dos domingos à noite e das segundas-feiras, pelo
resto da semana não há qualquer senão na vida de alguns usuários, chegando a
justificar as cores de fundo escolhidas pelas principais redes sociais. Um
verdadeiro “mundo azul”.
Felicidade
é um sentimento raro. Acontece em uma música no rádio do carro. Na sensação de
frescor depois do banho. No perfume de quem cruza seu caminho na calçada. Em
uma notícia recebida. Felicidade dá e passa! O que vem depois não passa de um
bem-estar. Mas, tudo bem, as redes sociais também têm espaço para o “teatro” e
para quem acredite nele.
Os
sintomas da próxima mazela se manifestam quando o espaço disponível para a
demonstração do pensamento fértil e criativo se transforma em puro fertilizante
(quero dizer adubo, esterco, cocô, ou seja, uma verdadeira m...). Eu estou
falando da “febre ctrl c + ctrl v”, seja em imagens, em citações ou em
pensamentos.
Alguns
usuários não param de reproduzir imagens, as quais já viram seus amigos
reproduzirem, bem como os amigos dos amigos. É como um álbum de uma só
figurinha. Em se tratando das frases reproduzidas, chega a ser engraçado. Como
pode um usuário que passa o fim de semana todo ouvindo “ai se eu te pego” citar
Drummond de Andrade?! É no mínimo curioso. Sem hipocrisia, dá para saber quando
o usuário conhece a obra de alguém ou quando coloca “frases legais” como
critério de pesquisa no Google.
Não
bastassem esses sintomas, existe ainda o “ctrl c + ctrl v” das ideias, o que me
parece a pior fase dessa doença. Determinados usuários não raciocinam mais.
Simplesmente reproduzem, como um eco, o que outros pensam. Ora, embora se
concorde com determinado raciocínio, é de bom tom que cada um dê o seu contorno
às suas ideias. E melhor ainda fazê-lo quando não concordar.
Um
“like” ou um “RT” não bastam para saber o que o usuário pensa. Excetuando-se as
repetições e os apossamentos das ideias, qualquer outra forma de manifestação é
válida, das quais, em particular, prefiro as que se aproximam do humor e da
ironia. Rápida e rasteira. Mas, falta criatividade e ideias.
Por
fim, o câncer das redes sociais. A décima praga desse Egito virtual: A língua
portuguesa!
Por
óbvio, nenhum usuário precisa ser membro da academia de letras de sua cidade
para ingressar em uma rede social, todavia, há requisitos mínimos a serem
cumpridos. Ok, “o importante é comunicar”, dirão alguns adeptos dos neologismos.
Concordo. Mas, alguns “infectados” não conseguirão se comunicar mesmo ficando em
total repouso, alimentando-se apenas com sopa de letrinhas e soro de análise
morfológica.
Aqui
e ali todo mundo escorrega, “mim” passou a ser fichinha. Dá vontade de avisar o
amigo, mas, a vergonha (alheia) que dá na gente impede isso. O que assusta, no
entanto, não é o erro em si, mas, sim, a ausência de dúvida, fazendo o usuário
acreditar que a forma crassa é a correta.
Ter
acesso a uma rede social pressupõe que o usuário tem acesso à internet e, sendo
assim, tem acesso também a uma infinidade de outras coisas, como por exemplo,
um simples dicionário eletrônico que pode ser rapidamente consultado. Porém, como
dito, se não há dúvida, não há motivos para preocupação.
Portanto,
as redes, sociais por excelência, determinam-se e se desenvolvem como um organismo
vivo, reagindo a tudo que acontece ao seu redor, bem como manifestando o “DNA”
dos usuários que as integram. Sendo assim, meus caros, tomemos as nossas
vacinas. Posto que se não, a única “cura” vai ser clicar em “excluir amigo”.
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