quarta-feira, 25 de abril de 2012

Ideias de Weslley

Tentarei sempre publicar textos sobre as ideias de amigos. O primeiro deles são as ideias do meu amigo Weslley Maciel. Um texto sobre as redes sociais para refletirmos. Valeu amigo, espero que este seja o primeiro de muitos. Fiquem a vontade para opinar, afinal o blog também é para vocês!


Redes Sociais. O que te incomoda nelas?!


por Weslley Maciel

Questão difícil de responder, sobretudo pela natureza de todas essas interações, ou seja, sociais. Difícil, ainda, porque como em toda relação social, depende-se de algumas regras, mesmo que subentendidas, para existir e se desenvolver com o mínimo de sociabilidade.

Existe de tudo nas redes sociais, desde os integrantes populares demais, que informam até a ida pra cama, como que justificando sua ausência na rede até a manhã do dia seguinte, até os que não passam de estatística, já que apenas preencheram um formulário, passaram a integrar a rede, mas, nunca interagem nela. 

A variedade também está sobre o que é dito nas timelines. Do “bom dia!” ao “#partiucasa”, passamos pelo “engarrafamento enorme”, pelo “calor infernal”, pelo “almoço top demais”, pelas variações do “nada como (estar, fazer, ficar, beber, dormir...)” e, claro, pelas enfadonhas e melancólicas citações românticas, que mais nos remetem ao suicídio do que propriamente a uma paixão ardente.

De tão entranhadas que estão nas vidas de seus usuários, as redes sociais provocam brigas, causam ciúmes, justificam demissões, proporcionam paqueras, deixam no ar traições e, inclusive, fazem o amor acontecer (quem nunca clicou naquela foto e se apaixonou quando ela se expandiu na tela?!).

Como vemos, encontramos nas redes sociais um espaço bastante democrático e fértil para as mais diversas manifestações. Mas, porém, contudo, todavia, entretanto (aqui sendo bem fiel ao que incomoda – a mim), como no mundo real, nem tudo são flores.

As redes sociais sofrem de algumas mazelas incuráveis! E não pense que alguém está imune a elas. Como se fosse um resfriado (nada mais social que um resfriado), todos nós já fomos atingidos, em maior ou menor grau.

Uma dessas doenças é a “síndrome da vida perfeita”. Não se trata de não desejar a felicidade alheia. Longe disso! Mas, é impossível ter a vida perfeita e feliz desse tanto. Com exceções dos domingos à noite e das segundas-feiras, pelo resto da semana não há qualquer senão na vida de alguns usuários, chegando a justificar as cores de fundo escolhidas pelas principais redes sociais. Um verdadeiro “mundo azul”.

Felicidade é um sentimento raro. Acontece em uma música no rádio do carro. Na sensação de frescor depois do banho. No perfume de quem cruza seu caminho na calçada. Em uma notícia recebida. Felicidade dá e passa! O que vem depois não passa de um bem-estar. Mas, tudo bem, as redes sociais também têm espaço para o “teatro” e para quem acredite nele.

Os sintomas da próxima mazela se manifestam quando o espaço disponível para a demonstração do pensamento fértil e criativo se transforma em puro fertilizante (quero dizer adubo, esterco, cocô, ou seja, uma verdadeira m...). Eu estou falando da “febre ctrl c + ctrl v”, seja em imagens, em citações ou em pensamentos.

Alguns usuários não param de reproduzir imagens, as quais já viram seus amigos reproduzirem, bem como os amigos dos amigos. É como um álbum de uma só figurinha. Em se tratando das frases reproduzidas, chega a ser engraçado. Como pode um usuário que passa o fim de semana todo ouvindo “ai se eu te pego” citar Drummond de Andrade?! É no mínimo curioso. Sem hipocrisia, dá para saber quando o usuário conhece a obra de alguém ou quando coloca “frases legais” como critério de pesquisa no Google.

Não bastassem esses sintomas, existe ainda o “ctrl c + ctrl v” das ideias, o que me parece a pior fase dessa doença. Determinados usuários não raciocinam mais. Simplesmente reproduzem, como um eco, o que outros pensam. Ora, embora se concorde com determinado raciocínio, é de bom tom que cada um dê o seu contorno às suas ideias. E melhor ainda fazê-lo quando não concordar.

Um “like” ou um “RT” não bastam para saber o que o usuário pensa. Excetuando-se as repetições e os apossamentos das ideias, qualquer outra forma de manifestação é válida, das quais, em particular, prefiro as que se aproximam do humor e da ironia. Rápida e rasteira. Mas, falta criatividade e ideias.

Por fim, o câncer das redes sociais. A décima praga desse Egito virtual: A língua portuguesa!

Por óbvio, nenhum usuário precisa ser membro da academia de letras de sua cidade para ingressar em uma rede social, todavia, há requisitos mínimos a serem cumpridos. Ok, “o importante é comunicar”, dirão alguns adeptos dos neologismos. Concordo. Mas, alguns “infectados” não conseguirão se comunicar mesmo ficando em total repouso, alimentando-se apenas com sopa de letrinhas e soro de análise morfológica.

Aqui e ali todo mundo escorrega, “mim” passou a ser fichinha. Dá vontade de avisar o amigo, mas, a vergonha (alheia) que dá na gente impede isso. O que assusta, no entanto, não é o erro em si, mas, sim, a ausência de dúvida, fazendo o usuário acreditar que a forma crassa é a correta.

Ter acesso a uma rede social pressupõe que o usuário tem acesso à internet e, sendo assim, tem acesso também a uma infinidade de outras coisas, como por exemplo, um simples dicionário eletrônico que pode ser rapidamente consultado. Porém, como dito, se não há dúvida, não há motivos para preocupação.

Portanto, as redes, sociais por excelência, determinam-se e se desenvolvem como um organismo vivo, reagindo a tudo que acontece ao seu redor, bem como manifestando o “DNA” dos usuários que as integram. Sendo assim, meus caros, tomemos as nossas vacinas. Posto que se não, a única “cura” vai ser clicar em “excluir amigo”.

*Advogado e pensador (o pensador foi por minha conta! hehe)


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